
Agora, referindo-me apenas a "Sideways", o achei bastante interessante porque ele circula o tempo todo por sentimentos opostos, passando por risos e momentos onde quase se vertem lágrimas, por discussões estúpidas e diálogos filosóficos, por bobagens caucadas em acontecimentos sérios e discursos dramáticos regados a muito álcool que não tinham o menor fundamento. E é nessa mistura de pontos de vista contraditórios que a história se faz, opostos que se concretizam muito bem na imagem dos dois protagonistas: de um lado um inconsequente bon vivant, fanfarrão e do outro um depressivo e amargurado professor com o ego ferido pelo divórcio e pela vida que leva.
O mais estranho é que no filme, o tom amargo e depressivo que existe na maior parte do tempo, divide o espaço com cenas e imagens que remetem a tudo menos à depressão. São poucas as passagens noturnas, por exemplo. A maioria delas são cenas diurnas, cheias de luz, no meio dos vinhedos, nas estradas e isso, mesmo não condizendo teoricamente com a "tristeza" da vida de Miles (Paul Giamati), tem seu caráter mais melancólico, inicialmente não parece, mas tem. E isso só se torna perceptível por intermédio dos diálogos, são eles que conferem a densidade da narrativa, enquanto que o cenário exerce uma função contrária e meio que equilibra a situação e não deixa o melodrama cair no exagero.
Na trama, dois amigos tiram uma semana pra viajar pelos vinhedos dos EUA, e meio que fazem dessa viajem a despedida de solteiro de um, enquanto que pro outro acaba sendo como uma reavalição de sua vida. E o vinho é uma outra constante na narrativa, ele tá sempre inserido em algum momento, seja fisicamente, seja diluído no meio dos diálogos. Faço uma ressalva pro momento em que o personagem de Giamatti conversa com a garçonete Maya na varanda da casa e os dois fazem uma metáfora da vida comparando-a ao vinho, ou dando vida à colheita e ao vinho, alguma coisa do tipo. É realmente uma das cenas mais importantes do filme, pra mim, a melhor de todas.
Sendo bastante sintético, eu poderia dizer que é um filme sobre a amizade entre duas pessoas, mas não é só isso. Aliás, não é nada disso. Talvez ele trate mais profundamente a questão da mudança, de seguir com a vida quando ela parece amarrada a alguma coisa que não a deixa seguir em frente. E essa coisa pode ser uma pessoa, algo não resolvido no passado, um trabalho rejeitado, enfim. Cada um tem sua pedra imensa na vida. Só resta aprender a lidar e o que fazer com ela. Alguns demoram mais, outros menos. Mas isso não é regra, não é fixo, não é igual pra todos. Varia de pessoa pra pessoa e cada um se resolve de acordo com seu tempo.
O mais estranho é que no filme, o tom amargo e depressivo que existe na maior parte do tempo, divide o espaço com cenas e imagens que remetem a tudo menos à depressão. São poucas as passagens noturnas, por exemplo. A maioria delas são cenas diurnas, cheias de luz, no meio dos vinhedos, nas estradas e isso, mesmo não condizendo teoricamente com a "tristeza" da vida de Miles (Paul Giamati), tem seu caráter mais melancólico, inicialmente não parece, mas tem. E isso só se torna perceptível por intermédio dos diálogos, são eles que conferem a densidade da narrativa, enquanto que o cenário exerce uma função contrária e meio que equilibra a situação e não deixa o melodrama cair no exagero.
Na trama, dois amigos tiram uma semana pra viajar pelos vinhedos dos EUA, e meio que fazem dessa viajem a despedida de solteiro de um, enquanto que pro outro acaba sendo como uma reavalição de sua vida. E o vinho é uma outra constante na narrativa, ele tá sempre inserido em algum momento, seja fisicamente, seja diluído no meio dos diálogos. Faço uma ressalva pro momento em que o personagem de Giamatti conversa com a garçonete Maya na varanda da casa e os dois fazem uma metáfora da vida comparando-a ao vinho, ou dando vida à colheita e ao vinho, alguma coisa do tipo. É realmente uma das cenas mais importantes do filme, pra mim, a melhor de todas.
Sendo bastante sintético, eu poderia dizer que é um filme sobre a amizade entre duas pessoas, mas não é só isso. Aliás, não é nada disso. Talvez ele trate mais profundamente a questão da mudança, de seguir com a vida quando ela parece amarrada a alguma coisa que não a deixa seguir em frente. E essa coisa pode ser uma pessoa, algo não resolvido no passado, um trabalho rejeitado, enfim. Cada um tem sua pedra imensa na vida. Só resta aprender a lidar e o que fazer com ela. Alguns demoram mais, outros menos. Mas isso não é regra, não é fixo, não é igual pra todos. Varia de pessoa pra pessoa e cada um se resolve de acordo com seu tempo.
Trailer:
Nota: 8,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário