sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Seven - Os sete crimes capitais"

O grande problema das produções de hoje é que muita coisa já foi feita ao longo da história do cinema. Muita idéia boa já foi utilizada e inovar se tornou artefato cada vez mais incomum na telona e, como consequência, às vezes temos a sensação de estar vendo sempre a mesma coisa, a mesma fórmula sendo repetida e repaginada vergonhosamente pra tentar amenizar a falta de criatividade dos profissionais de hoje. "Seven", por sua vez, foge a regra e não é só mais um mero filme de suspense policial, daqueles forrados de clichês. Ele vai muito além disso e inova do começo ao fim, desvirtuando toda a lógica dos suspenses anteriores a ele e com certeza a de muitos que ainda virão.

Eu acredito que um dos pontos a favor de "Se7en" seja colocar a lógica do assassino mais próxima da nossa realidade (se é que dá pra descrever isso nesses termos). O que quero dizer é que ele simplesmente não patologizou o assassino e utilizou isso pra justificar seus atos, mas antes disso resolveu dar um nexo aos atos dele, os tornou coerentes a partir de algo comum a todos nós - os sete pecados capitais - e assim criou essa lógica que embora seja algo completamente abominável, nos ajuda a compreender o nexo por trás de todos aqueles crimes que não eram mais apenas simples assassinatos, eles tinham um sentido e um porquê que poderiam ser explicados e compreendidos com base na nossa cultura, era mais ou menos como uma punição ao que causamos a nós mesmos partindo das mãos de uma única pessoa.

Filmes de serial-killers sempre ganham pontos a mais comigo e este conseguiu ir além de todos os outros, não porque tenha gerado um maior pânico ou angústia com o que era mostrado nas cenas, mas por ter modificado totalmente meu olhar com relação a esse gênero em específico. O clímax dele funciona como uma montanha russa que sobe e termina exatamente após a queda livre, despenca lá do alto com uma adrenalina fervente e cessa apenas minutos após a exibição dos créditos que vem logo em seguida. E a inovação dele se dá justamente porque a série de crimes se segue até mesmo após a morte do tal assassino, aliás, sua morte se torna uma continuidade desse raciocínio e o ponto inovador da história se encontra exatamente aí, ele é vítima dos seus próprios atos e peça principal no que determinaria o seu assassinato. Mas isso só assistindo pra entender.

E é ainda em "Seven" que David Fincher inicia sua parceria de grande êxito com Brad Pitt e que teria continuação em 1999 com "Clube da Luta" e mais recentemente com "O curioso caso de Benjamin Button". Mais dois grandes filmes mais que recomendados, ítens obrigatórios na lista de qualquer cinéfilo que se preze e também praqueles que buscam apenas diversão e entretenimento. Os filmes de Fincher conseguem alcançar ambos os fins, com uma qualidade sem igual e que não se compara a nada com que você tenha visto anteriormente. É diversão certa e cinema de primeira linha, tudo junto em um combo ideal.

Trailer:


Nota: 9,0

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