domingo, 20 de setembro de 2009

"G.I. Joe - A Origem de Cobra"

"G.I. Joe" não é um filme de diálogos, de discussão, de enrolação e lenga-lenga. É ação ininterrupta do começo ao fim, e talvez por esse motivo não se tenha muito o que comentar à respeito dele. É mais um blockbuster que se vale de balas, tiros, explosões e muito efeito gráfico pra justificar a ida do público ao cinema. E é exatamente isso o que esse tipo de público procura, nada complexo demais, nada complicado, a regra é entregar tudo mastigado e pronto pra ser absorvido.

Excetuando os excessos e as pequenas falhas da história e analisando o filme pela perspectiva de um fã do gênero, o filme é sim muito bom. Diverte e distrae mas sem incomodar o seu lado mais crítico e exigente. É rápido, contínuo e não deixa o espectador descansar em momento nenhum, é ação seguida de ação, disparo atrás de disparo, explosões múltiplas e tudo isso em um só fôlego. O filme inteiro parece ser uma única e longa disputa entrecortada com breves momentos de pausa, e essa agilidade toda pode até te confundir e te cansar em algumas passagens, mas o desenrolar dos acontecimentos faz com que você esqueça isso, até porque o filme é bastante competente naquilo a que ele se propôs a fazer.

É o típico filme pra se ver no domingo pelo fim da tarde pra passar o tempo, mas nada além disso. Eu poderia até dizer que ele é do tipo descartável, o que de certa forma ele também o é, porém, em alguns momentos da vida faz bem desafogar a cabeça e liberar a adrenalina acumulada em filmes dessa categoria. Mas não espere nada de mais elaborado e profundo porque isso, definitivamente, ele não é. É diversão, entretenimento e só, nada além disso. Então dê um desconto, veja e desestresse porque isso em si já é algo que todos nós precisamos uma hora ou outra.

Trailer:


Nota: 4,0

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

As 5 criaturas mais bizarras do cinema

Bizarro não é somente o feio, o grotesco e o estranho, é também aquilo que de alguma forma lhe causa um incômodo, um desconforto que surge apenas de olhar praquela figura estampada na tela. E o cinema é repleto dessas criaturas, e muitas delas são tão bizarras, incomuns e exóticas que acabam conquistando o público e provocam o efeito contrário do que foi dito acima, mas isso vai de lucro e não modifica o fato de elas serem bizarras e continuarem assim pela eternidade. Eis aquelas que eu considero dignas de uma ressalva maior, cada uma delas com seu motivo espeicífco que faz jûs a esse reconhecimento.

5: Não se sabe ao certo se ele é bom ou ruim, aliás, há momentos em que nem ele próprio tem certeza alguma de quem ele é, mas o fato é que Sméagol/Gollum é a criatura mais estranha de toda trilogia "O Senhor dos Anéis". E a mais inconstante também, você vê o filme e simpatiza com ele e o detesta o tempo inteiro, o que não dá é ficar indiferente tamanha é a bizarrice desse "sei lá o que diabos ele é" e a sua obsessão pelo tão desejado anel:

#4: A bizarrice do faltoso monstro de "Cloverfield" se deve justamente à questão da ausência desse personagem durante toda a narrativa. É um monstro que não se vê, que não se conhece a não ser pelos estragos que ficam pelo seu caminho. E o mais interessante é que esse medo/terror do que não se sabe tem um efeito mais forte e direto do que qualquer tecnologia ou computação gráfica pudesse ter feito. É o clima e o ambiente que dão o tom de suspense, são as imagens que amedrotam, o monstro nesse caso poderia ter até distorcido todo o conceito por trás da idéia e não teria forma ou figura concreta que substituísse isso. Então deixa ele subtendido, deixa a sugestão porque não teria bizarrice que alcançasse esse feito:

#3: As cenas do Sloth de "Os Goonnies" me davam um certo pânico e longas horas insones durante a noite quando eu era criança e via esse filme repetidas vezes na tevê. O enjeitado filho da família de vilões não era lá tão vilão assim, mas que ele tinha uma aparência pra lá de bizarra, grotesca e estupidamente indigesta, isso não se pode negar:

#2: O homem-torso de "Freaks", sem braços e sem pernas. Precisa comentar mais alguma coisa? É só rever a cena em que ele se locomove pelo cenário se arrastando feito cobra no chão. Bizarrice top de linha:

#1: Fico imaginando como que uma pessoa consegue conceber uma criatura dessas e o que se passa pela cabeça dela durante o processo de criação. Esse não é somente bizarro como também é cuidadosamente bem feito, em todos os detalhes, em todos os sentidos, desde a sua concepção. O tal "monstro com os olhos nas mãos" de "O Labirinto do Fauno" pensa e enxerga pelas mãos, tem uma dieta que inclui fadas e crianças e mesmo assim ainda resulta em um efeito bizarro e esquisito sim, mas também brilhantemente trabalhado e bonito aos olhos de quem vê:

domingo, 13 de setembro de 2009

"Sideways - Entre umas e outras"

Acontece que de uns tempos pra cá, as produtoras - ou sabe-se lá quem seja o responsável por isso - teimam em rotular certos filmes como "comédia", simplesmente porque não se encaixam perfeitamente na definição de qualquer outro gênero. Isso aconteceu com "Pequena Miss Sunshine", por exemplo. E agora vejo que com "Sideways" a história não foi diferente. Esses filmes não são comédias de jeito nenhum, pelo menos não no sentido mais restrito da palavra. Tá certo que existe meia dúzia de passagens com uma dose a mais de humor, mas eles também estão cheios de momentos mais dramáticos e densos e nem por isso os rotularam como "drama", o que seria, na minha opinião, algo bem mais plausível. Mas se a produtora/distribuidora acha isso mais rentável e comercial, deixa eles. Esses detalhes não influem de qualquer forma no resultado final da obra. Agora se você pretende alugar/comprar esses filmes com a única finalidade de rir, pode esquecer, pois eles estão longe disso. Eles são dramas e pronto. No máximo "dramédias", mas classificá-los como comédia-COMÉDIA mesmo, isso tá longe de fazer qualquer sentido.

Agora, referindo-me apenas a "Sideways", o achei bastante interessante porque ele circula o tempo todo por sentimentos opostos, passando por risos e momentos onde quase se vertem lágrimas, por discussões estúpidas e diálogos filosóficos, por bobagens caucadas em acontecimentos sérios e discursos dramáticos regados a muito álcool que não tinham o menor fundamento. E é nessa mistura de pontos de vista contraditórios que a história se faz, opostos que se concretizam muito bem na imagem dos dois protagonistas: de um lado um inconsequente bon vivant, fanfarrão e do outro um depressivo e amargurado professor com o ego ferido pelo divórcio e pela vida que leva.

O mais estranho é que no filme, o tom amargo e depressivo que existe na maior parte do tempo, divide o espaço com cenas e imagens que remetem a tudo menos à depressão. São poucas as passagens noturnas, por exemplo. A maioria delas são cenas diurnas, cheias de luz, no meio dos vinhedos, nas estradas e isso, mesmo não condizendo teoricamente com a "tristeza" da vida de Miles (Paul Giamati), tem seu caráter mais melancólico, inicialmente não parece, mas tem. E isso só se torna perceptível por intermédio dos diálogos, são eles que conferem a densidade da narrativa, enquanto que o cenário exerce uma função contrária e meio que equilibra a situação e não deixa o melodrama cair no exagero.

Na trama, dois amigos tiram uma semana pra viajar pelos vinhedos dos EUA, e meio que fazem dessa viajem a despedida de solteiro de um, enquanto que pro outro acaba sendo como uma reavalição de sua vida. E o vinho é uma outra constante na narrativa, ele tá sempre inserido em algum momento, seja fisicamente, seja diluído no meio dos diálogos. Faço uma ressalva pro momento em que o personagem de Giamatti conversa com a garçonete Maya na varanda da casa e os dois fazem uma metáfora da vida comparando-a ao vinho, ou dando vida à colheita e ao vinho, alguma coisa do tipo. É realmente uma das cenas mais importantes do filme, pra mim, a melhor de todas.

Sendo bastante sintético, eu poderia dizer que é um filme sobre a amizade entre duas pessoas, mas não é só isso. Aliás, não é nada disso. Talvez ele trate mais profundamente a questão da mudança, de seguir com a vida quando ela parece amarrada a alguma coisa que não a deixa seguir em frente. E essa coisa pode ser uma pessoa, algo não resolvido no passado, um trabalho rejeitado, enfim. Cada um tem sua pedra imensa na vida. Só resta aprender a lidar e o que fazer com ela. Alguns demoram mais, outros menos. Mas isso não é regra, não é fixo, não é igual pra todos. Varia de pessoa pra pessoa e cada um se resolve de acordo com seu tempo.

Trailer:



Nota: 8,5

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"O fabuloso destino de Amélie Poulain"

Já perdi as contas de quantas vezes assisti à saga de Amélie Poulain e sua busca por fazer da vida dos outros e do mundo algo menos cinza e mais prazeroso. Às vezes ponho o dvd pra conferir o trailer ou o material extra e acabo revendo o filme inteiro, com o mesmo entusiasmo de quando o vi pela primeira vez. E confesso que não me canso, ele tem uma história que flui muito fácil, tem vida própria, vai além do que se vê na tela e parece que se renova, cada vez surgindo um aspecto novo que antes não fora notado, refletindo e dialogando com o próprio espectador e isso se deve principalmente a questão da identificação e da química imediata que se faz com a protagonista.

Amélie é uma das personagens mais carismáticas da história do cinema. E por causa disso se torna quase impossível não se comover e não simpatizar com os acontecimentos de sua vida, com suas ações e seu jeito único de perceber as coisas ao seu redor. Assim como também não tem como não deixar de ver um pouco de si próprio quando nos deparamos com os eventos da narrativa, com o sobe e desce dos acontecimentos, com as conquistas, com as tristezas e com os pequenos prazeres da vida.

Esteticamente falando, é uma obra muito bem trabalhada. Tem um tratamento fotográfico primoroso, as cenas são quase que completamente mergulhadas em uma tonalidade de verde que se tornou quase que uma marca registrada, e você acaba identificando qualquer cena do filme à léguas de distância. E outra que os efeitos especiais são tão simples que acabam chamando atenção justamente por essa simplicidade, em não fazer um grande alarde com exageros e apenas utilizar isso pra ressaltar e enfatizar as sensações expressas pelas personagens, seja em um batimento cardíaco mais acelerado, em um golpe de felicidade repentino no meio da rua ou no orgulho sentido por ter feito algo certo ou bem feito.

É um filme aparentemente biográfico, mas que se agarra a isso apenas pra falar de coisas inerentes a cada um de nós, das queixas e dos prazeres da vida, da simplicidade que pulsa o tempo todo no filme e que por ser algo tão comum se torna difícil explicar com palavras, bom mesmo é ver e compreender por si mesmo. É mais um daqueles que não requer qualquer explicação mais aprofundada, é algo feito pra ser visto e depois disso mudar sua forma de encarar o mundo e as pessoas a sua volta. Foca exatamente nas coisas pequenas e abre nossos olhos pro que antes não era percebido ou que então era negligenciado por causa da correria do dia a dia. É daqueles que realmente modifica o seu humor, lhe deixa com um sorrizão na cara, com um baita sentimento de nostalgia, feliz da vida e sem saber ao certo porquê.

Trailer:


Nota: 10,0

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"Pulp Fiction"

Quando eu vi "Pulp Fiction" pela primeira vez, lá pelos meus 12 ou 13 anos, eu lembro de não ter entendido quase nada do que se tratava a trama, me perdi totalmente na sequência de cenas e se tivessem me perguntado naquela época o que eu tinha achado, eu provavelmente teria dito que era um filme sem pé nem cabeça mas que me deixava extasiado por algum motivo que eu não sabia qual era, mas que se devia em grande parte ao fato de mostrar situações que ocorrem no mesmo local e ao mesmo tempo só que em passagens distintas do filme. Isso pra mim era o ápice, me dava a sensação de poder ver tudo sob uma perspectiva maior como nunca tinha acontecido antes, e isso bastava pra explicar o meu fascínio por essa obra do Tarantino.

E ontem, quase 10 anos depois, revi o filme. Comprei ele há uns meses, porém só ontem encontrei uma brecha pra me dedicar inteiramente às duas horas e meia de exibição aqui em casa. Acontece que voltei no tempo e resgatei todo meu fascínio de antes. Pouquíssimos filmes conseguem atingir o grau de completude de "Pulp Fiction". Atuação, direção, fotografia, edição, trilha sonora... e que trilha, meu Deus. É um filme que não falta nada, tem lá suas pequenas falhas técnicas, mas pra mim é a perfeição e briga com mais dois outros filmes o topo da minha lista de melhores filmes de todos os tempos.

Eu acredito que esse poder de atração que existe em torno do filme ocorre em decorrência do fato de que ele fala em uma linguagem que se iguala perfeiamente à do público. O enredo nada mais é do que gângsters, vestindo seus papéis de gângsters, mas que quando estão fora dessa posição agem, falam e pensam como qualquer um de nós. Pensam e falam bobagens como todo mundo faz, discutem as futilidades comum ao cotidiano e utilizam o discurso vazio e sem consistência que predomina na sociedade atual. E olha que lá se vão 15 anos desde o lançamento, mas o fato é que ele poderia ter estreado ontem que ainda continuaria fazendo todo o sentido.

Outro ponto relevante é a gratuidade da violência. Morrer e matar ali atingiu um limiar no qual o estranho mesmo é quando elas não ocorrem, o incômodo não é mais o ato de matar, mas limpar os resquícios disso, se preocupar em livrar-se do corpo em detrimento da perda da vida. Assim como também do vício escancarado, das drogas de todos os tipos, dos desvios de conduta, do que é preciso fazer pra sobreviver, pra manter o mínimo de integridade e dignidade. E outras coisas do tipo.

É um filme pop na conotação mais abrangente da palavra. Possui seus momentos fortes e pesados, mas é algo muito prazeroso de ser visto tamanha é a dedicação e o empenho ali marcados em todas as cenas. Além disso tem uma dinâmica ligada no 220w, e te surpreende a cada instante. Fala de coisas que estamos consados de saber, mas de uma forma tão clara e evidente que isso parece fugir à nossa percepção. É música, tevê, violência totalmente banalizada e cinema reunidos em um só lugar e que consegue ao mesmo tempo fazer sua crítica social baseada nisso. É um filme que já nasceu clássico, sem pretensão nenhuma de se tornar o que é hoje e talvez por isso tenha dado tão certo e seja tão bem resolvido. Simplesmente incomparável e inconfundível. E merece muito ser sempre visto ou revisto.

Trailer:



Nota: 10,0.

domingo, 6 de setembro de 2009

"Arraste-me para o inferno"

Existe muito filme de terror por aí que tenta provocar medo e suspense, mas que de tão tosco, estúpido e mal feito acaba provocando o efeito oposto e provoca risos em decorrência da inconsistência do roteiro, da direção e da atuação dos profissionais envolvidos na produção. Na contramão disso, existem filmes que se encaixam em outro perfil de terror que também possuem resquícios de comédia, porém, de forma proposital, pensada e objetivada nesse fim e não acidental como o que é mais comum hoje em muitos filmes do gênero.

Eu mesmo não conhecia na prática a definição de "terrir" até assistir "Arraste-me para o inferno" - aliás, que título! -, o novo filme do diretor Sam Raimi depois de passar anos e anos se dedicando à franquia "Homem-Aranha". "Arrasta-me..." traz um terror muito peculiar que provoca risos ao invés de medo, um tanto de asco e nojo no lugar de sustos e muitas situações que de tão absurdas caberiam mais fácil em comédias pastelão se não fosse o clima sombrio e macabro presentes quase que integralmente na história.

Vale ressaltar que esse, com toda certeza, também não é um filme feito pra todos. E se você tiver o estômago fraco e se impressiona e sente nojo com facilidade, é melhor procurar outra coisa pra ver, pois esse é um filme que tem os dois pés afundados na escatologia, no grotesco, dando um passo além do limite do bom senso e do aceitável no que se refere ao uso de flúidos e substâncias corporais, assim como também do uso de larvas, lama, sacrifícios animais e coisas do gênero que testam a sua paciência e a sua capacidade de suportar cenas que não medem esforços em provocar asco e brincam o tempo todo com o nojo de quem assite.

O filme inteiro é repleto de cenas impagáveis, muito bem elaboradas e que deixa a gente querendo ver tudo novamente logo quando se chega ao fim. A cena da briga no estacionamento, por exemplo, é uma que daria pano pra muita discussão por entre risos e outros questionamentos. Afinal, como que uma pessoa sendo asfixiada e atacada por uma velha caquética e literalmente a um passo da morte consegue arquitetar um plano de contra-ataque tão rápido e tão eficiente daquele jeito?! Que tipo de pessoa já tem armada dentro do próprio depósito de quinquilharias em casa, uma bigorna suspensa por cordas pronta pra ser lançada na cabeça de alguém?! São perguntas que ficaram abertas após a exibição, mas que pra mim não necessitam mesmo de qualquer resposta. Esse não é o tipo de filme que precise de explicações e teorizações complexas e inúteis. Ele é feito pra entreter, passar o tempo. Então desligue o cérebro por pouco menos de duas horas, assista, divirta-se e seja feliz.

Nota: 6,0

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Seven - Os sete crimes capitais"

O grande problema das produções de hoje é que muita coisa já foi feita ao longo da história do cinema. Muita idéia boa já foi utilizada e inovar se tornou artefato cada vez mais incomum na telona e, como consequência, às vezes temos a sensação de estar vendo sempre a mesma coisa, a mesma fórmula sendo repetida e repaginada vergonhosamente pra tentar amenizar a falta de criatividade dos profissionais de hoje. "Seven", por sua vez, foge a regra e não é só mais um mero filme de suspense policial, daqueles forrados de clichês. Ele vai muito além disso e inova do começo ao fim, desvirtuando toda a lógica dos suspenses anteriores a ele e com certeza a de muitos que ainda virão.

Eu acredito que um dos pontos a favor de "Se7en" seja colocar a lógica do assassino mais próxima da nossa realidade (se é que dá pra descrever isso nesses termos). O que quero dizer é que ele simplesmente não patologizou o assassino e utilizou isso pra justificar seus atos, mas antes disso resolveu dar um nexo aos atos dele, os tornou coerentes a partir de algo comum a todos nós - os sete pecados capitais - e assim criou essa lógica que embora seja algo completamente abominável, nos ajuda a compreender o nexo por trás de todos aqueles crimes que não eram mais apenas simples assassinatos, eles tinham um sentido e um porquê que poderiam ser explicados e compreendidos com base na nossa cultura, era mais ou menos como uma punição ao que causamos a nós mesmos partindo das mãos de uma única pessoa.

Filmes de serial-killers sempre ganham pontos a mais comigo e este conseguiu ir além de todos os outros, não porque tenha gerado um maior pânico ou angústia com o que era mostrado nas cenas, mas por ter modificado totalmente meu olhar com relação a esse gênero em específico. O clímax dele funciona como uma montanha russa que sobe e termina exatamente após a queda livre, despenca lá do alto com uma adrenalina fervente e cessa apenas minutos após a exibição dos créditos que vem logo em seguida. E a inovação dele se dá justamente porque a série de crimes se segue até mesmo após a morte do tal assassino, aliás, sua morte se torna uma continuidade desse raciocínio e o ponto inovador da história se encontra exatamente aí, ele é vítima dos seus próprios atos e peça principal no que determinaria o seu assassinato. Mas isso só assistindo pra entender.

E é ainda em "Seven" que David Fincher inicia sua parceria de grande êxito com Brad Pitt e que teria continuação em 1999 com "Clube da Luta" e mais recentemente com "O curioso caso de Benjamin Button". Mais dois grandes filmes mais que recomendados, ítens obrigatórios na lista de qualquer cinéfilo que se preze e também praqueles que buscam apenas diversão e entretenimento. Os filmes de Fincher conseguem alcançar ambos os fins, com uma qualidade sem igual e que não se compara a nada com que você tenha visto anteriormente. É diversão certa e cinema de primeira linha, tudo junto em um combo ideal.

Trailer:


Nota: 9,0

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"As virgens suicidas"

Eu compartilho da idéia de que as coisas só funcionam mesmo quando elas se mantêm em equilíbrio. Nada exagerado demais agrada na maioria das vezes e pecar por falta também não. Na dúvida, pese os dois lados e decida pelo meio termo que as chances de tudo dar certo são infinitamente maiores. E foi exatamente isso o que Sofia Coppola fez na sua estréia como diretora.

"As virgens suicidas" tinha tudo pra ser um filme excessivamente feminino/feminista porque foi dirigido, escrito e tem esse gênero como foco principal da trama. A própria estética das cenas já remetem à delicadeza e aos detalhes que geralmente apenas as mulheres conseguem dar conta com maior facilidade. Mas o fato é que não, o filme não se perde nesse possível exagero e sabe utilizar isso muito bem pra sustentar os argumentos da história. O resultado foi um filme curto, rápido, que não te deixa disperso e tem uma certa leveza em evidência mesmo tratando de um tema tão pesado e soturno como o suicídio; pior: o suicídio coletivo; e mais grave ainda: o suicídio nos primeiros anos da adolescência.

Eu não pretendia ter falado isso como se fosse um spoiler, porque não é. O próprio título já antecipa esse fato e eu fico tranquilo com relação a isso. Mas adianto que o filme começa com um único suicídio e termina com vários ao mesmo tempo, porém, o interessante mesmo é ver e entender o porquê disso ter acontecido, e como esse processo foi sendo desencadeado no decorrer dos acontecimentos da história. É uma narrativa que tem uma perspectiva de conto, sem começo e sem um fim delimitado, que deixa as conclusões e as respostas pra serem feitas dentro da cabeça do espectador e já vale apenas pelo cuidado e pelo tratamento dado a um tema tão polêmico e tão forte em um contexto aparentemente bem "menininha", mas que sabe mexer com todo tipo de público no ponto exato e na medida certa.

Trailer:


Nota: 7,5