
É exatamente isso o que Roberto (ou "Robertô") tenta nos dizer o tempo todo em "O contador de histórias", que é possível recuperar o irrecuperável, que é preciso preservar com cuidado o menor fio de esperança porque quando menos se espera surge a possibilidade que precisávamos e vemos que era esse minúsculo e frágil fio que nos sustentava de pé e é ele que nos servirá de guia durante todo o percurso.
O filme, baseando-se em relatos verídicos, relata a vida conturbada e assustadoramente forte e bonita de Roberto Carlos que encontra na FEBEM o fundo do poço e também o início do que viria a ser o divisor de águas de sua existência até então. E esse divisor de águas tinha nome, sobrenome, fumava, gostava de azul, era francesa, pedagoga e se chamava Marguerite Duvas, uma personagem real, carismática, daquelas difíceis de se esquecer porque cativa e emociona com atos e falas presentes e marcados no decorrer de toda a narrativa.
O mais interessante de tudo é poder acompanhar a visão fantasiosa de Roberto ao narrar os pontos cruciais de sua história, seja na ocasião em que sua mãe resolve que o melhor pra ele seria de fato a FEBEM e que na visão dele ganha ares de assalto a banco, com música e figurino remetendo aos anos 70, ou ainda na cena em que é mostrada a sua chegada à instituição e que nesse momento não passa de um grande picadeiro, sob uma lona colorida e onde os professores são substituídos por hipopótamos e comparados constantemente com imagens e objetos que só existem mesmo na cabeça criativa, engenhosa e mirabolante de uma criança ou na de um verdadeiro contador de histórias com talento reconhecido internacionalmente. Luiz Villaça fez uma obra que mexe com sonhos, desejos, esperança e oportunidades num contexto em que elas são cada vez mais raras. Mostra que elas são possíveis, que nada é irrecuperável, mesmo se tratando de coisas tão raras, mesmo quando o mundo inteiro afirma e grita que não. É preciso ir de encontro a isso e crer que há sempre um novo caminho por onde escapar, que há de se ter sempre esperança.
Trailer:
Nota: 8,0
O mais interessante de tudo é poder acompanhar a visão fantasiosa de Roberto ao narrar os pontos cruciais de sua história, seja na ocasião em que sua mãe resolve que o melhor pra ele seria de fato a FEBEM e que na visão dele ganha ares de assalto a banco, com música e figurino remetendo aos anos 70, ou ainda na cena em que é mostrada a sua chegada à instituição e que nesse momento não passa de um grande picadeiro, sob uma lona colorida e onde os professores são substituídos por hipopótamos e comparados constantemente com imagens e objetos que só existem mesmo na cabeça criativa, engenhosa e mirabolante de uma criança ou na de um verdadeiro contador de histórias com talento reconhecido internacionalmente. Luiz Villaça fez uma obra que mexe com sonhos, desejos, esperança e oportunidades num contexto em que elas são cada vez mais raras. Mostra que elas são possíveis, que nada é irrecuperável, mesmo se tratando de coisas tão raras, mesmo quando o mundo inteiro afirma e grita que não. É preciso ir de encontro a isso e crer que há sempre um novo caminho por onde escapar, que há de se ter sempre esperança.
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Nota: 8,0